A participação das mulheres nos processos de construção da paz na América Latina. O caso da Colômbia

Abstract

Desde a aprovação, no ano de 2000, da Resolução 1325 do Conselho de Segurança da ONU, a participação das mulheres nos processos de paz tem vindo a ocupar um lugar de destaque a nível global. Na América Latina, a aplicação desta Resolução e da Agenda Mulheres, Paz e Segurança enfrenta desafios, pois, apesar de ser uma região com escassos conflitos armados interestatais, apresenta elevados índices de violência. No contexto regional, a Colômbia destaca-se como um caso emblemático, não só pela duração e complexidade do seu conflito armado interno, mas também pela inclusão pioneira da perspectiva de género na negociação, redação e implementação do Acordo de Paz, assinado em 2016 entre o governo da Colômbia e as FARC. Esta investigação, tendo como base teórica as teorias feministas, centra-se nos diferentes papéis que as mulheres assumem no âmbito dos processos de paz na América Latina. Ao atentarmos no caso concreto da Colômbia, entendemos que, embora a Agenda Mulheres, Paz e Segurança forneça um quadro normativo importante, na prática, as mulheres têm desempenhado um papel fulcral enquanto construtoras da paz, complementando, desta feita, a aplicação da Agenda. Por esta razão, tendo presente a importância normativa da Agenda Mulheres, Paz e Segurança, mas procurando considerar as múltiplas vivências femininas que surgem neste âmbito, com a presente investigação visamos, ainda, identificar os desafios enfrentados pelas mulheres, bem como destacar as oportunidades para a sua participação efetiva na construção da paz na Colômbia, na América Latina e no mundo. Since the adoption of UN Security Council Resolution 1325 in 2000, women's participation in peace processes has gained significant prominence on a global scale. In Latin America, the implementation of this Resolution and the Women, Peace, and Security Agenda encounters several challenges, as the region, despite having few interstate armed conflicts, experiences high levels of violence. Within this regional context, Colombia emerges as a notable case, distinguished not only by the duration and complexity of its internal armed conflict but also by the pioneer inclusion of a gender perspective in the negotiation, drafting, and implementation of the Peace Agreement signed in 2016 between the Colombian government and the FARC. This study focuses on the diverse roles women assume in peace processes in Latin America. By focusing on the specific case of Colombia, it becomes clear that, although the Women, Peace and Security Agenda provides an important normative framework, in practice, women have played a pivotal role as peacebuilders, thereby complementing the implementation of the Agenda. For this reason, while acknowledging the normative significance of the Women, Peace and Security Agenda, this study also seeks to consider the manifold female experiences that arise in this context. Furthermore, it aims to identify the challenges women face and highlight opportunities for their effective participation in peacebuilding in Colombia, Latin America, and beyond.