O papel mediador do apoio social na relação entre a auto-tranquilização e a sintomatologia depressiva na infertilidade

Abstract

A infertilidade poderá desencadear uma resposta emocional depressiva, especialmente na mulher. A literatura tem indicado o papel protetor da autotranquilização na sintomatologia depressiva, contudo, ainda pouco se sabe acerca dos mecanismos através dos quais esta relação acontece. O presente estudo tem como objetivo explorar o papel mediador do apoio social na relação entre a auto-tranquilização e a sintomatologia depressiva no contexto da infertilidade. No estudo, participaram 285 mulheres entre os 26 e os 49 anos (M = 35.5; DP = 5.24). O método de amostragem utilizado foi não-probabilístico e por auto-seleção. Os participantes preencheram um conjunto de questionários de auto-relato que avaliaram o apoio social, autotranquilização e a sintomatologia depressiva. Os resultados indicam que quando as mulheres percecionam maior capacidade de auto-tranquilização tendem a percecionar níveis mais baixos de sintomatologia depressiva. Além disso, verificou-se que quando as mulheres apresentam maior capacidade de auto-tranquilização, tendem a envolverse em mais relações sociais, apresentando níveis mais baixos de sintomatologia depressiva. Sendo a infertilidade uma condição potencialmente indutora de sintomatologia depressiva, os dados deste estudo realçam a importância das mulheres desenvolverem competências de auto-tranquilização e apoio social. Como tal, a terapia focada na compaixão e grupos de auto-ajuda poderão ser benéficos neste contexto.

Infertility may trigger a depressive emotional response, especially in women. The literature has indicated the protective role of self-tranquilization in depressive symptomatology, however, little is known about the mechanisms through which this relationship occurs. The present study aims to explore the mediating role of social support in the relationship between self-tranquilization and depressive symptomatology in the context of infertility. In the study, 285 women between 26 and 49 years old participated (M = 35.5; SD = 5.24). The sampling method used was non-probabilistic and by self-selection. Participants completed a set of self-report questionnaires that assessed social support, self-soothing, and depressive symptomatology. The results indicate that when women perceive a greater capacity for self-soothing, they tend to perceive lower levels of depressive symptoms. In addition, it was found that when women have a higher capacity for self-soothing, they tend to engage in more social relationships, presenting lower levels of depressive symptoms. As infertility is a condition that potentially induces depressive symptoms, the data from this study highlight the importance of women developing self-tranquilization skills and social support. Compassion-focused therapy and self-help groups may be beneficial in this context.