A consciência interocetiva e fatores sociodemográficos e de saúde: estudo correlacional numa amostra não clínica

Abstract

A literatura sugere o papel crucial da consciência interocetiva (CI) na regulação emocional e saúde mental dos indivíduos. A presente dissertação foca-se na análise da CI e da sua relação com as variáveis: sexo, idade, Índice de Massa Corporal (IMC) e prática de atividade física, bem como a relação com dificuldades de regulação emocionais reportadas pelos participantes. A amostra incluiu 354 participantes (276 femininos e 78 masculinos, 18-78 anos). Os resultados mostram a importância de avaliar e promover a CI nos homens, pessoas mais velhas, com sobrepeso e que não praticam exercício para diminuir dificuldades emocionais. As mulheres apresentaram maior CI comparativamente aos homens, nas subdimensões “Notar” e Consciência Emocional”. Com o aumento da idade, a capacidade de perceber sinais internos diminui, mas a confiança neles aumenta. A prática de exercício foi associada a maiores níveis de CI na dimensão “Notar” e uma regulação emocional mais eficaz. Por outro lado, um IMC mais elevado foi relacionado a maior dificuldade em perceber sinais corporais, indicando menor CI. Níveis elevados de dificuldades emocionais correlacionaram-se a menores níveis de CI, nas dimensões “Não se Preocupar” e “Confiar”. Este estudo reforça a relevância de explorar a CI como fator de promoção da saúde física e mental.

The literature suggests the crucial role of interoceptive awareness (IA) in the emotional regulation and mental health of individuals. The dissertation focuses on analysing IA and its relationship with the variables: gender, age, Body Mass Index (BMI) and physical activity, as well as the relationship with emotional regulation difficulties reported by the participants. The sample included 354 participants (276 females and 78 males, aged 18-78). The results show the importance of assessing and promoting IA in men, older people, those who are overweight and do not exercise in order to reduce emotional difficulties. Women showed higher IA compared to men in the ‘Noticing’ and ‘Emotional Awareness’ subdimensions. With increasing age, the ability to perceive internal signals decreases, but confidence in them increases. Exercise was associated with higher levels of IA in the ‘Noticing’ dimension and more effective emotional regulation. On the other hand, a higher BMI was related to greater difficulty in perceiving bodily signals, indicating lower IA. High levels of emotional difficulties correlated with lower levels of IA in the ‘Not Worrying’ and ‘Trusting’ dimensions. This study reinforces the relevance of exploring IA as a factor in promoting physical and mental health.