O contributo da autocompaixão na relação entre as preocupações parentais e satisfação parental

Abstract

Recentemente a literatura tem mostrado que a autocompaixão é eficaz na diminuição do stress, podendo também ter um papel importante no contexto da parentalidade. O presente estudo analisa numa amostra de 407 figuras parentais, a relação entre a autocompaixão, o stress parental e o sentido de competência parental, bem como o contributo da autocompaixão para explicar a satisfação parental. Os resultados mostram que as mães tendem a reportar mais preocupações parentais do que os pais. Além disso, pais que identificaram a presença de diagnóstico clínico nos seus filhos distinguem-se daqueles cujos filhos não têm diagnóstico, por apresentarem maiores níveis de humanidade comum, isolamento, sobre-identificação, stress e preocupações parentais. Nas análises de regressão múltipla os resultados mostram que enquanto para os pais com filhos sem diagnóstico a satisfação parental é explicada por maiores níveis de mindfulness, menores níveis de autocriticismo e preocupações parentais, para os pais com presença de diagnóstico nos filhos, a satisfação parental é explicada por maiores níveis de humanidade comum, menor predisposição para o isolamento e menores preocupações parentais. Os resultados obtidos da análise de mediação revelam um efeito significativo indireto da autocompaixão na relação entre as preocupações parentais e a satisfação parental. Este estudo representa um importante contributo para a investigação e prática clínica, destacando a importância do desenvolvimento de competências de autocompaixão nos pais, ajudando-os a lidar com as suas preocupações parentais e consequentemente a aumentar a satisfação parental. Recently, the literature has shown that self-compassion is effective in reducing stress, and can also play an important role in the context of parenting. The present study analyzes a sample of 407 parental figures, the relationship between self-compassion, parental stress and the sense of parental competence, as well the contribution of self-compassion to explain parental satisfaction. The results show that mothers tend to report more parental concerns than fathers. In addition, parents who have identified the presence of a clinical diagnosis in their children are distinguished from those whose children have no diagnosis because they have higher levels of common humanity, isolation, over-identification, stress and parental concerns. In the multiple regression analyzes the results show that while for parents with children without diagnosis, parental satisfaction is explained by higher levels of mindfulness, lower levels of self-criticism and parental concerns, for parents with a diagnosis of their children, parental satisfaction is explained by higher levels of common humanity, less predisposition to isolation and less parental concerns. The results obtained from the mediation analysis reveal a significant indirect effect of self-compassion on the relationship between parental concerns and parental satisfaction. This study represents an important contribution to research and clinical practice, highlighting the importance of developing self-compassion skills in parents, helping them to deal with their parenting concerns and consequently increasing parental satisfaction.