Programas de reabilitação cognitiva no cancro: Barreiras e facilitadores [abstract]

Abstract

A investigação tem demonstrado um crescente investimento no desenvolvimento de programas de intervenção dirigidos às dificuldades cognitivas relacionadas com o cancro. No entanto, os fatores que influenciam a adesão estão ainda pouco explorados. Este estudo objetivou analisar as barreiras e facilitadores à participação em programas de reabilitação cognitiva (PRC) em sobreviventes de cancro. Foi administrado um questionário de autorrelato que incluiu a recolha de informação sociodemográfica e clínica, a avaliação das queixas cognitivas (FACT-Cog-v3) e uma checklist para identificação das barreiras e facilitadores. A amostra incluiu 171 sobreviventes de cancro (M = 47,2; DP = 8,74). Todos os sobreviventes reportavam queixas cognitivas e cerca de 85,3% (n = 146) associavam as suas dificuldades ao diagnóstico e tratamentos. Foram identificados mais facilitadores do que barreiras à participação em PRC. Entre os principais facilitadores, destacaram-se a necessidade de obter mais conhecimento (n = 97; 56,7%) e apoio (n = 112; 65,5%) para lidar com as dificuldades reportadas. A principal barreira identificada relacionou-se com a dificuldade em encontrar um programa e/ou não saber onde procurar (n = 77; 45%). As barreiras percebidas estavam negativamente associadas com o tempo de sobrevivência. Os resultados refletem a necessidade de proporcionar mais conhecimento e suporte para a gestão das dificuldades cognitivas após o cancro, potenciando o envolvimento em PRC estruturados.